minhas quedeminhasnadatêm crianças II
impotência gelada
os trinta minutos das seis horas de um dia frio, qualquer, me acordaram. meu café com leite tinha o mesmo gosto do de ontem e previa o sabor do da manhã seguinte. o frio me bateu na cara ao encarar a rua e, embora não lembre, sei que gostei. com o sono me tropegando os passos arrastei-me à parada. coloquei-me para dentro do ônibus certo na hora de sempre e sentei-me ao lado de uma janela que escorria frio. não lembro em que ou onde pensava, nem o que me tirou de lá, mas foi aí que enxerguei: franziníssimo, encardido de vida e trânsito.
muito encardimento pra pouca vida...
tinha três bolinhas amarelas, das de tênis, nas mãos.
a sinaleira fechada.
em vermelho eu o vi fazer um sinal da cruz estabanado, com as bolinhas em punho - pequenos. beijou cada uma das três, fechando os olhos com força, como se esperasse estar em um lugar melhor ao abri-los.
não foi dessa vez...
não posso dizer que vi, mas sei que malabarizou sem muita destreza, mecanicamente, provavelmente com olhos esvaziados de quem pensa noutro lugar - aquele de todo abrir de olhos.
eu assisti à cena gotejada do frio que fazia. lá fora.
e tudo ficou verde.
Nenhum comentário:
Postar um comentário