sexta-feira, 1 de outubro de 2010

"o apego não quer ir embora. diaxo!, ele tem que querer!"
(maria gadú)

apego.

apegar - pegar!- : é sentimento mas é de posse; e tomar posse sem antes possuir-se de puro bem-querer é perigoso; e puro bem-querer é raro.

a esperança de encontrar na mina do escasso, já abandonada, pelada, uma pepita pequena, olvidada, mas suficiente para justificar a minha posse, levou minhas mãos frustradas a revirar lama e estômagos mineiros: ele engoliu! engoliu o último resquício do meu puro bem-querer!
engoliu e contrabandeou. não digeriu minha pepita, no entanto. meu bem-querer mais puro passou pela língua, escorregou o esôfago, driblou-me no estômago, debateu-se intestinos a baixo e deixou um corpo sem que nada fosse aproveitado dele, nenhuma vitamina.

apossaram-se de mim quando meu bem-querer já era cocô de posseiro; um posseiro que não digeriu, não absorveu, não conheceu nem notou bem-querer puro, tão de verdade.

na verdade, maria, ele não vai querer.

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