terça-feira, 7 de junho de 2011

monocromática

tem segundos que se condensam em momentos tão...tão...
que fazem valer a tinta no papel. e eu sou a tinta no meu papel.

quando os pensamentos escalam minha língua pro lado errado e escorregam esôfago a dentro, eu sou a tinta no meu papel. quando minha boca é caixa acústica de dentes mudos e só, também.
quando a covardia sobra a esses pensamentos, eles escondem-se por entre a harpa da minha garganta no cuidado de sequer tocá-la; e aí eu sou o preto no branco.

da digestão do meu pensamento sem coragem de ser palavra espremo um negror viscoso que me expõe ao branco – do papel – dos olhos de quem queira deitá-los sobre mim. eu escorro pelos meus próprios dedos e me traduzo despudorada em rabiscos cheios de muito que eu nem sei existir em mim - na tua frente. pra ti e por nós.

tem segundos que valem a tinta no papel. tem momentos contigo e conosco que me fazem valer a pena.

e, sem perceber, dançamos entre o pensar digerido e o que foi dito naqueles segundos travestidos no nosso momento e fomos um: tinta, papel, preto e branco.

fomos um cinza sem vergonha. e lindo.

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