quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

"se o olho é a janela da alma, então você tem que olhar por essa janela com outro olho e esse outro olho também é janela da alma, e você tem que olhar por essa janela com outro olho. quer dizer: a janela não olha, quem olha é o olho através da janela (...) você vai ao infinito com essa história de janela da alma e nunca chega, na verdade, à própria alma." antônio cícero para o documentário de joão jardim e walter carvalho - a janela da alma (2002).

uma troca de olhares sem sentimento são janelas cegas dispostas paralelamente. só.

seja como for, olho é olho e minha alma não tem esquadria. pode até ter um buraco, mas não uma janela. a alma é o que é, irredutivelmente, como o único que poderia ser, por ser o determinante do que somos. os olhos não.


dos olhos contra a alma

por mais que falem bem mais do que se quer dizer, não são capazes da traição de ceder seus lugares ao rombo que permeia a irredutibilidade de quem se deve ser. não deixam que orbite sob as sobrancelhas, como uma brincadeira de mau gosto, a fraqueza que se é. se cruéis assim forem, no entanto, restará olhar para fora de um buraco vivo e cru, de uma carne etéra, pulsante e revelada, enxergando com a cegueira o mundo que se gostaria que fosse mas talvez não seja.

ou mais ou menos isso.

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